sexta-feira, agosto 18, 2006

Brecht, ler pra pensar

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedras?
E a Babilônia tantas vezes destruída -
Quem a reconstruiu tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares?
A decantada Bizâncio tinha somente palácios para seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levaram sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou.
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquiete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?
Tantas Histórias.
Tantas questões.

(Bertolt BRECHT)

VANGUARDA - FUTURISMO

"A vanguarda é antes de mais nada uma ruptura com o grosso da coluna, com a maioria; é também uma recusa da disciplina e do comportamento comuns. mas esta ruptura, esta recusas não tem sentido em si, tanto pode significar uma separação momentânea, efetuada no próprio interesse da maioria, uma descoberta de novas perspectivas que acabam por si integradas e postas ao seu serviço, como um corte real: uma conquista obtida por alguns poucos elementos de uma autonomia autêntica".
Bernard DORT. A vanguarda em suspenso.

Manifesto Futurista - F. Marinetti

1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião, serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje, a literatura exaltou a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, a bofetada e o sopapo.
4. Declaramos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida com a carroceria enfeitada por grandes tubos de escape como serpentes de respiração explosiva… um carro tonitruante que parece correr entre a metralha é mais belo do que a Vitória da Samotrácia.
5.Queremos cantar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada, por sua vez, em corrida no circuito da sua órbita.
6.O poeta terá de se prodigar, com ardor, refulgência e prodigalidade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7.Não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser considerada obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas, para reduzi-las a prostrar-se perante o homem.
8.Estamos no promontório extremo dos séculos!… Porque deveremos olhar para detrás das costas se queremos arrombar as misteriosas portas do impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Nós vivemos já no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade.
9.Nós queremos glorificar a guerra, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias por que se morre e o desprezo da mulher.
10.Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo o tipo e combater o moralismo, o feminismo e todas as vilezas oportunistas ou utilitárias.
11.Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas; as gulosas estações de caminho-de-ferro engolindo serpentes fumegantes; as fábricas suspensas das nuvens pelas fitas do seu fumo; as pontes que saltam como atletas por sobre a diabólica cutelaria dos rios ensolarados; os aventureiros navios a vapor que farejam o horizonte; as locomotivas de vasto peito, galgando os carris como grandes cavalos de ferro curvados por longos tubos e o deslizante vôo dos aviões cujos motores drapejam ao vento como o aplauso de uma multidão entusiástica.

Manifesto dos pintores futuristas

Eis as nossas conclusões incisivas: com esta entusiástica adesão ao Futurismo, nós queremos:

1. Destruir o culto ao passado, a obsessão do antigo, o pedantismo e o formalismo acadêmicos.
2. Desprezar profundamente toda forma de imitação.
3. Exaltar toda forma de originalidade, mesmo se temerária, mesmo se violentíssima.
4. Extrair a coragem e o orgulho da fácil pecha de loucura com a qual se criticam e amordaçam os inovadores.
5. Considerar os críticos de arte como inúteis ou danosos.
6. Rebelar-se contra a tirania das palavras harmonia e bom gosto, expressões demasiado elásticas, com as quais se poderia facilmente demolir a obra de Rembrant e a de Goya.
7. Varrer do campo ideal da arte todos os motivos, todos os temas já aproveitados.
8. Exprimir e magnificar a vida hodierna, incessante e tumultuosamente transformada pela ciência vitoriosa.
9. Sejam sepultados os mortos nas mais profundas víceras da terra! Seja limpa de múmias a soleira do futuro! Dêem lugar aos jovens, aos violentos, aos temerários!

(U. Buccioni, C. Carrà, L. Russolo, G. Balla, G. Severinni)

quinta-feira, agosto 17, 2006

Para pensar

O BICHO

Vi ontem um bicho
Na imundicie do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava, nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manuel Bandeira)


"Não temos mais liberdade, não sabemos mais nos decidir, o homem é privado da alma, a natureza é privada do homem...
Nunca houve época mais perturbada pelo desespero, pelo horror da morte.
Nunca silêncio mais sepulcral reinou sobre o mundo.
Nunca o homem foi menor.
Nunca esteve mais irrequieto.

Nunca a alegria esteve mais ausente, e a liberdade mais morta.

E eis que grita o desespero: o homem pede gritando a sua alma, um único grito de angústia se eleva do nosso tempo.
A arte também grita nas trevas, pede socorro, invoca o espírito: é o expressionismo."
(Hermann Bahr – 1916)

Revisitando a Grécia

Na Grécia, a pintura em cerâmica tornou-se uma forma especial de manifestação artística. Os vasos gregos, ou ânforas, são famosos pela beleza da forma e pela harmonia entre desenho, cores e espaço utilizado para a ornamentação.

As pinturas representavam cenas da mitologia grega e de pessoas em suas atividades diárias.

O estilo mais antigo (c. 800 a.C.) na pintura grega é o “Geométrico”. As figuras e os ornamentos tinham formas basicamente geométricas. Surge no período conhecido como "Homérico"- formação do povo grego (anterior ao período arcaico).

Surgem no período Arcaico dois tipos de pinturas em cerâmica: primeiro as negras sobre fundo vermelho e depois as vermelhas em fundo negro.

As imagens abaixo são ânforas gregas, respectivamente: pintura geométrica; pintura negra sobre fundo vermelho e pintura vermelha sobre fundo negro.



Impressionismo

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências de arte do século XX.
Os pintores impressionistas procuram, a partir da observação direta do efeito da luz solar sobre os objetos, registrar em sua tela as constantes alterações que essa luz provoca nas cores.

CARACTERÍSTICAS PRESENTES NAS OBRAS IMPRESSIONISTAS:

• A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza mudam constantemente dependendo da incidência da luz do sol;
• As figuras não devem ter contornos nítidos;
• As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam;
• As cores e tonalidades não devem ser misturadas na paleta. Devem ser puras e utilizadas na tela em pequenas pinceladas. É o observador que combina as várias cores, obtendo o resultado final.


Principais nomes (e seus principais temas):
– Monet (paisagens ao ar livre);

– Reonoir (vida social parisiense, nus femininos, flores, crianças);

– Degas (bailarinas).


OBRAS IMPORTANTES DO IMPRESSIONISMO:


"A ponte japonesa", Monet

Série "A Catedral de Rouen", Monet (registros dos efeitos da luz em diferentes momentos do dia)



"Rosa e Azul", Renoir (essa tela é "nossa". Faz parte do acervo do MASP)

"Baile no Moulin de la Galette", Renoir

"Copo de absinto", Renoir

"Ensaio de balé", Degas

"Aula de balé", Degas

Realismo

Durante a primeira metade do século XIX enquanto se dava o embate entre o Neoclassicismo e o Romantismo, começa a surgir o Realismo, que iria dominar a arte na segunda metade do século.
O Realismo insistia na imitação precisa de percepções visuais sem alteração.
Deuses, deusas e heróis da antiguidade estavam out. Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam in.
Em tudo, de cor a tema, o Realismo trazia para a arte uma sensação de sobriedade emudecida.
Aos realistas não cabe “melhorar” artisticamente a realidade, pois a beleza está na realidade tal qual ela é.

TEMA: fatos do mundo moderno (somente o que poderiam ver ou tocar era considerado real)

Realismo Francês:

Gustave Courbet (1819-1877) – criador do realismo social na pintura. Procurou retratar temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares.



"Interior do meu ateliê, uma alegoria real, resumo de sete anos da minha vida de artista" (mais conhecida como "Ateliê")


"Moças peneirando trigo"


Édouard Manet (1832-1883) – não tem intenções sociais; ao contrário, chega a ser aristocrático. Suas obras são carregadas de luminosidade. (É considerado por alguns historiadores como "Impressionista").



"Almoço na relva"

Realismo Norte-Americano:


Wislow Homer (1836-1910) – Sua preocupação era reproduzir aquilo que via. Foi o principal pintor de marinhas norte-americanas e principal aquarelista de todos os tempos.


"A Canoa nas corredeiras"

Goya: um homem sem "ismos"


O espanhol Francisco José Goya y Lucientes pode ser considerado por sua cronologia como “Neoclássico”, mas por seus ideais, ROMÂNTICO. (Ainda que não se enquadre perfeitamente em nenhum dos dois movimentos). Ele era demasiado livre para se sujeitar à normas, e não aceitava imposições.

Algumas de suas características:

• Registro cruel (fatos reais);
• Representação de pesadelos;
• Gravuras com temas sobrenaturais;
• Liberdade (visão extremamente pessoal);
• Valorização da emoção – do artista e do observador;
• Crítica social;
• Documentação da história do seu país – Espanha.


As três fases / realidades de Goya:

– Realidade otimista e objetiva (antes da guerra da independência);


"Retrato de Mariana Waldstein"


– Realidade dramática (durante o período de invasão napoleônica);


"Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808"


–Realidade fantástica (pinturas realizadas depois de 1822).

"Saturno devorando um de seus filhos"

Romantismo

Características:

• Reação ao Neoclassicismo
• Romper com o academicismo
• Livre expressão da personalidade
• Valorização dos sentimentos e da imaginação
• Nacionalismo
• Pintura de paisagens (valorização da natureza)
• A natureza demonstra emoções
• Dinamismo e realismo
• Efeitos dramáticos
• Fatos reais da história nacional

Exemplos de pinturas românticas:


"A liberdade guiando o povo", Delacroix


"O incêndio", Turner


"Chuva, vapor e velocidade", Turner


Neoclassicismo

O período neoclássico é definido pela imitação dos modelos greco-latinos, pela coexistência de diferentes tendências artísticas e pelo menosprezo dos elementos formais barrocos e rococós.


principais características:

• Ressuscitar os valores da Antigüidade clássica e do Renascimento;
• Primeiras academias destinadas ao ensino de arte;

Figura importante na época: NAPOLEÃO BONAPARTE.


Grandes pintores Neoclássicos

– Jacques Louis David

"O juramento dos horácios"


"Marat"


– Jean Dominique Ingres

"A grande odalisca"


"A banhista"

"A fonte"


Grande escultor Neoclássico

– Antonio Canova

"Eros e Psique"


"As três graças"

Rococó

O Rococó refletia os valores de uma sociedade fútil que buscava nas obras de arte algo que lhe desse prazer e a levasse a esquecer seus problemas reais.

Características

- expressão francesa rocaille (decoração de jardins com conchas);
- na França é conhecido por estilo Luis XV;
- excessos do barroco (preconceito da crítica);
- leveza, delicadeza, graça e cores suaves;
- linhas mais flexíveis e soltas;
- temática amorosa, fútil, erótica ou infantil;
- decoração de interiores (mobiliário, tapeçaria, porcelana e ourivesaria);
- arte relacionada ao prazer e ao divertimento;
- arte decorativa.
Exemplos de obras Rococó:

PINTURA

Boucher, “Os amantes no parque”


Fragonard, "O balanço"


ESCULTURA





MÓVEIS / OBJETOS DOMÉSTICOS



quarta-feira, agosto 16, 2006

Agosto

Estamos em Agosto, segundo semestre!!!
Durante o primeiro semestre vimos várias coisas: alguns passaram pela Pré-História e chegaram no Império Romano... outros, partiram do Renascimento e chegaram até o século XIX.
A História da Arte é tão ampla, é muito difícil passar por tudo e não ficar besta com os progressos, com as conquistas, com as descobertas, com as realizações do homem.

Quando criamos, nos aproximamos de Deus... nos tornamos deuses!

Arte é isso, é criação!

Gostaria, antes de mais nada (antes de começar outro assunto no blog), de pedir desculpas por não ter colocado até agora outros posts. Estive realmente muito ocupada nas férias: acampamento, teatro... preparação de aulas pro segundo semestre!!! (Também sou filha de Deus e mereço um descanso!!!)

Vou colocar umas coisas interessantes aqui no blog, que aconteceram comigo durante as férias - compartilhá-las com vocês... Espero que gostem, que sirva pra alguma coisa!

Pensei em dividir esse blog em dois, mas não... quem estiver a procura de um assunto específico, vá até o índice. Ele serve pra isso!!!!

Até mais!