sexta-feira, novembro 04, 2011

Teoria do Não-objeto

O não-objeto está relacionado ao NEOCONCRETISMO, movimento que surgiu no Rio de Janeiro em 1959 (e que foi desenvolvido nos anos 60).

A arte neoconcreta busca uma ruptura com os gêneros tradicionais da arte e anuncia novas formas de manifestações artísticas.

As principais características do não-objeto, segundo Ferreira Gullar são:

- O não-objeto repele as noções acadêmicas de gênero artístico.

- Não se esgota nas referêcias de uso e sentido porque não possui utilidade prática, ao contrário dos objetos.

- É um ser íntegro, que dispensa intermediários na relação com o sujeito.

- Não é representação de nada, é presentação, aparecimento primeiro de uma forma.

- Transcende o espaço em que se insere, trabalha e refunda o mesmo espaço transformando-o.

- Só se completa com a ação do espectador, que passa de passivo para ativo.

Na arte neoconcreto é muito comum acontecer a fusão de mais de uma linguagem. Em alguns Penetráveis de Hélio Oiticica, por exemplo, temos música... em alguns Parangolés, poesia (além do fato deles proporem a dança). Para o próprio Hélio Oiticica "Não há mais possibilidade de existir estilo, ou a possibilidade de existir uma forma de expressão unilateral como a pintura, a escultura departamentalizada. Só existe o grande mundo da invenção" (1979, entrevista a Ivan Cardoso, citado em Celso Favaretto, A invenção de Hélio Oiticica)

É importante ficar claro que o "não-objeto" não é um anti-objeto ou um objeto negativo. Mas um objeto especial que pretende realizar a síntese de experiências sensoriais e mentais.

Alguns exemplos de "não-objetos" de Lygia Clark:



Nós e um Ninho de Hélio Oiticica (29a. Bienal de São Paulo)


Pra quem não lembra:

incêndio do acervo de Hélio Oiticica

Cronologia: arte brasileira do século XX

1917 - Exposição "bombástica" de Anita Malfatti. (A que foi criticada por Monteiro Lobato no texto "Paranoia ou Mistificação").


--> Nesse mesmo ano aconteceu o primeiro registro fonográfico de um samba! Foi a música "pelo telefone", de Donga e Mário de Almeida.


1922 - Comemoração do centenário da independência do Brasil.
Aconteceu a Semana de Arte Moderna (em fevereiro, no teatro municipal de São Paulo).
Oswald de Andrade publicou "Os condenados" e Mario de Andrade "Paulicéia Desvairada".


1923 - Lasar Segall volta ao Brasil (com intenção de ficar por aqui).

Nesse mesmo ano foi fundada a primeira rádio brasileira: a RÁDIO SOCIEDADE DO RIO DE JANEIRO.

1924 - Primeira exposição "modernista" de Lasar Segall (em 1913 ele veio ao Brasil e fez uma exposição de arte expressionista - mas ele ainda não estava ligado ao movimento modernista brasileiro).

1926 - Primeira exposição individual do escultor Victor Brecheret.


Nesse mesmo ano Marinetti (o criador do futurismo italiano) veio ao Brasil. Ele era amigo de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.


1927 - Mario de Andrade fez uma longa viagem pela Amazônia para fazer registros antropológicos.


1928 - Tarsila do Amaral pintou "O Abaporu". Oswald de Andrade, inspirado nessa obra, publicou o "Manifesto Antropofágico".
A antropofagia na arte é a ideia de devorar a cultura do outro para criar a sua. Misturar elementos de culturas diferentes (inclusive de regiões brasileiras que não faço parte) com a minha realidade.




Nesse mesmo ano Mário de Andrade publica "Macunaíma".


Entre 1928 e 1929 Mário de Andrade viajou pelo nordeste brasileiro para recolher músicas, danças e o folclore da região.


Portinari (que ainda era acadêmico) foi para a Europa estudar arte acadêmica.


1930 - Golpe de Estado - Getúlio Vargas na presidência.
Carmem Miranda lançou seu primeiro sucesso: "Tá aí!"
http://youtu.be/V6v7HFVjObk
Ela participa de algumas montagens musicais da cia. cinematográfica Cinédia (fundada nesse mesmo ano).


1931 - Primeira experiência performática na arte brasileira com Flavio de Carvalho.


Nesse mesmo ano Portinari voltou ao Brasil e começou sua série nacionalista.

Mario de Andrade e Oswald de Andrade brigam (e rompem relações).

1932 - Revolução Constitucionalista em São Paulo.

1935 - Surgimento do grupo Santa Helena.
Este foi um grupo de artistas mais pobres (a maioria auto-didata) de São Paulo. Participaram do grupo Alfredo Volpi e Francisco Rebolo.

Cândido Portinari foi premiado nos Estados Unidos pela obra "Café". A partir dai ele se tornou mundialmente conhecido.

1936 - Projeto do edifício do ministério da educação e da saúde pública (hoje MEC) no Rio de Janeiro, Este foi o primeiro projeto de grande porte de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Nesse prédio o paisagismo é de Burle Max, os murais são de Cândido Portinari e as esculturas de Bruno Giorgi e Celso Antonio.

1937 - Oswald de Andrade escreveu duas peças de teatro: "A morta" e "O Rei da Vela".

1938 - "Vidas Secas", de Graciliano Ramos.

1939 - Foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda): órgão do governo responsável por analisar tudo o que fosse escrito e publicado, ou seja, censura.

1940 - Exposição individual de Cândido Portinari no MOMA, em Nova York.

1941 - Criação da Atlântida - companhia cinematográfica que realizou as famosas "Chanchadas".

1942 - Lançamento do Conjunto da Pampulha, obra de Oscar Niemeyer encomendada por Juscelino Kubitschek.

No projeto da Pampulha o paisagismo é de Burle Max e os murais de Portinari.

1943 - Montagem de "Vestido de Noiva", com a companhia carioca "Os Comediantes", com direção do polonês Ziembinsky. Essa montagem é considerada o marco inicial do teatro moderno brasileiro.

1944 - Primeira exposição individual de Alfredo Volpi.

1945 -  Morte de Mário de Andrade (ele ainda estava brigado com Oswald de Andrade, que ficou muito comovido com a morte, sentindo-se arrependido).

1947 - Fundação do MASP, Museu de Arte de São Paulo.

1948 - Fundação do MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Nesse ano também foi fundado o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), em São Paulo. Esta foi a primeira companhia teatral profissional do Brasil. Fizeram parte de seu elenco grandes atores brasileiros como Fernanda Montenegro, Cacilda Becker, Paulo Autran, Raul Cortez, Tônia Carrero, etc.

1949 - Fundação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (São Bernardo do Campo, SP).

1950 - Primeiro canal de TV do Brasil (São Paulo), a TV Tupi - foi criada pelo empresário e jornalista Assis Chatobrian.

São lançados os primeiros filmes da Vera Cruz.

1951 - Primeira exposição concretista em São Paulo (do artista Max Bill).

Aconteceu também a Primeira Bineal Internacional de Arte de São Paulo.

1952 - Criação do grupo Ruptura, de São Paulo.
Lembrando que os concretistas faziam obras de arte abstratas geométricas.

1953 - O filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto (produzido pela Vera Cruz) ganha o prêmio de melhor filme no Festival de Cannes (França). Com o sucesso no festival, o filme foi levado para mais de 80 países, foi vendido para a Columbia Pictures. Só na França, ficou 5 anos em cartaz!



1954 - Criação do grupo Frente, do Rio de Janeiro - que também era concretista.
Morte de Oswald de Andrade.
Inauguração do Parque do Ibirapuera.

1956 - Portinari conclui os painéis "Guerra" e "Paz", para a sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York.

1958 - Início da Bossa Nova no Rio de Janeiro, mistura de samba com jazz e música erudita. Principais representantes: João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

1959 - Primeira exposição neoconcreta no MAM do Rio de Janeiro.
Manifesto Neoconcreto de Ferreira Gullar.

1960 - Inauguração de Brasília.

1964 - Golpe Militar.
Primeiro "Bicho" da Lygia Clark.

"Deus e o diabo na terra do sol", de Glauber Rocha (Cinema Novo).

1965 - Primeiro festival da Música Brasileira. O primeiro lugar ficou com a música "Arrastão", de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, interpretada por Elis Regina.

O programa "Jovem Guarda" começa a ser exibido na TV. O programa era comandado por Roberto carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.

Hélio Oiticica é expulso do MAM-RJ por levar um grupo de integrantes da Mangueira (escola de samba) vestidos com Parangolés.

1966 - Segundo festival da Música Brasileira. O primeiro lugar ficou com a música "A Banda", de Chico Buarque de Holanda, interpretado por ele mesmo e Nara Leão.

1967 - Terceiro festival da Música Brasileira, o festival da virada. Este foi o mais importante de todos os outros festivais. Foi nesse festival que apareceram os tropicalistas.

Lançamento do disco Tropicália.
Vídeo sobre o movimento tropicalista AQUI.
"Terra em Transe", de Glauber Rocha (Cinema Novo).

1968 - AI-5