quarta-feira, maio 27, 2009

Jardim das Delícias

Atendendo a pedidos 2!

Pouco se sabe sobre Hieronymus Bosch. Sabemos que viveu na cidade holandesa de Hertogenbosch e que faleceu em 1516 – mas não sabemos quantos anos tinha. Nos mostrou em suas obras que as tradições da pintura que serviam para mostrar a realidade bem podiam servir para mostrar no contrário. Com isso criou quadros que, apesar de trazerem elementos que nenhum olho humano jamais viu (salvo nos sonhos) de modo convincente.
Por esse motivo, esse artista que viveu no período conhecido como Renascimento, pode ser chamado até de “surrealista”. (Claro que o termo está sendo usado de maneira anacrônica – o movimento surrealista surge apenas em 1924 com um manifesto do poeta André Bretton).
Bosch é autor de uma das obras mais extraordinárias e misteriosas da História da Arte: O JARDIM DAS DELÍCIAS.
Poucas obras têm dado lugar a tantas explicações contraditórias, imaginárias e sem sentido. Também são poucas as obras que conseguem, de maneira como essa, mexer com o espectador: é impossível ficar indiferente.
Pouco sabemos sobre sua origem. Quando chega à Espanha dizem que é “uma pintura sobre a variedade do mundo”. Alguns ainda se limitavam a chamá-la de “a pintura das maçãs”.
Se o tríptico está fechado contemplamos uma visão do universo criado por Deus. Acima, um versículo bíblico que diz “Ipse dixit et facta sunt. Ipse mandavit et creata sunt” (Ele mesmo disse e tudo foi feito. Ele mesmo ordenou e tudo foi criado.) Estamos no terceiro dia. É então que surge o “Paraíso”.
Na parte da esquerda se vê o paraíso e Adão e Eva. O anúncio da aparição do pecado se percebe através de seres monstruosos e agressivos que parecem romper a harmonia imposta pelo Criador. O painel do centro mostra o homem que descobre todos os prazeres, em especial os carnais e que se deixa seduzir por eles. Este é o centro de atenção da obra, onde se encontra um mundo de fantasia em que vemos misturados animais, vegetais, objetos... Figuras antropomórficas das mais incríveis e frutos carnosos e suculentos que atingem a altura de homens. A conseqüência do mergulho nesse ambiente está à direita. Esses homens se condenarão ao inferno: lugar fantástico, apoteose de beleza do mar, totalmente ambíguo.
Provavelmente Bosch se baseou na literatura fantástica de sua época, misturando suas crenças cristãs e seu gosto pelo popular.

Observem alguns detalhes dessa obra tão complexa e tirem vocês mesmos suas conclusões.

VISTA DO TRIPTICO FECHADO:

VISTA DO TRIPTICO ABERTO:



PARAÍSO:

Detalhe do "paraíso"



O JARDIM DAS DELÍCIAS:


Detalhes de "O jardim das Delícias":













O INFERNO MUSICAL:



Detalhes de "O Inferno Musical"
















Dados técnicos da obra:
Tríptico "O jardim das delícias", c. 1500
Óleo sobre madeira, 190 x 175 cm (central); 187,5x 76,5 cm (laterais)
Museu do Prado, Madri
(dados técnicos tirados do catálogo "El Bosco y la pintura flamenca del siglo XV" de Joaquín Yarza Luaces - Fundação Amigos del Museo del Prado).
Espero que gostem!

Renascimento no Norte da Europa

Atendendo a pedidos!

O Renascimento que acontece no Norte da Europa (onde hj é a Alemanha, a Holanda e a Bélgica, por ex) não é muito parecido com o Renascimento Italiano. Geralmente quando se fala em "renascimento" se pensa em Itália, Florença, Leonardo Da Vinci e Monalisa! hehehehe! Está correto, porém, é importante lembrarmos que esse humanismo e essa revolução artística não aconteceu só na Itália!!! No norte da Europa nós também tivemos uma grande revolução cultural!
Lá, como não eram herdeiros da cultura clássica romana (que havia se baseado muito na cultura grega) eles retomam, na verdade, a arte medieval e chamada de bárbara pelos latinos. Por isso as pinturas têm mais cor e são mais realistas.
Podemos dizer que o que os une aos italianos é o antropocentrismo e a valorização do pensamento humano, da ciência e da pesquisa.

Alguns importantes artistas (e suas obras)

--> Notem o modo como os artisas usam as cores!
--> Reparem na representação das pessoas! Não há a busca pela beleza ideal!

Jan Van Eyck

“As Bodas de Arnolfini”, 1434
Óleo sobre madeira: 81,8 x 59,7 cm - National Gallery, Londres


"O Chanceler Rolinc e a Virgem", 1435
Óleo sobre madeira: 66 x 62 cm, Musée du Louvre, Paris


Hans Holbein

"Os Embaixadores", 1533
Óleo sobre madeira: 207 x 209.5 cm, National Gallery, Londres


Pieter Bruegel
"Jogos Infantis", 1560
Óleo sobre madeira: 118 x 161 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena


"Festa de casamento", c. 1568
Óleo sobre madeira: 114 x 164 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena
Espero que ajude!
Beijocas!

segunda-feira, maio 18, 2009

PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO


PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO
Monteiro Lobato
Estado de São Paulo, 20/12/1917

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêm as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.
Quem trilha esta senda, se tem gênio é Praxiteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Reynolds na Inglaterra, é Dürer na Alemanha, é Zorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno desses sóis imorredouros.
A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.
Embora se dêem como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como a paranóia e a mistificação.
De há muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios.
A única diferença reside em que nos manicômios essa arte é sincera, produto lógico dos cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas zabumbadas pela imprensa partidária mas não absorvidas pelo público que compra, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo tudo mistificação pura.
Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem da latitude nem do clima.
As medidas da proporção e do equilíbrio na forma ou na cor decorrem do que chamamos sentir. Quando as coisas do mundo externo se transformam em impressões cerebrais, “sentimos”. Para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em desarranjo por virtude de algum grave destempero.
Enquanto a percepção sensorial se fizer no homem normalmente, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá “sentir” senão um gato; e é falsa a “interpretação” que o bichano fizer do totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes.
Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & Cia.
Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida em má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se, de qualquer daqueles quadrinhos, como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas, das mais fecundas na construção duma sólida individualidade artística.
Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios de um impressionismo discutibilíssimo, e pôs todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura.
Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar uma idéia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a ingenuidade do espectador.
A fisionomia de quem sai de uma de tais exposições é das mais sugestivas.
Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras; em todas se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o mistificaram grosseiramente.
Outros, certos críticos, sobretudo, aproveitam a vasa para “épater le bourgeois” (chocar o burguês). Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado técnico, descobrem na tela intenções inacessíveis ao vulgo, justificam-nas com a independência de interpretação do artista; a conclusão é que o público é uma besta e eles, os entendidos, um grupo genial de iniciados nas transcedências sublimes duma Estética Superior.
No fundo, riem-se uns dos outros – o artista do crítico, o crítico do pintor. É mister que o público se ria de ambos.
“Arte moderna”: eis o escudo, a suprema justificação de qualquer borracheira.
Como se não fossem moderníssimos esse Rodin que acaba de falecer, deixando após si uma esteira luminosa de mármores divinos; esse André Zorn, maravilhoso virtuose do desenho e da pintura; esse Brangwyn, gênio rembrandtesco da babilônia industrial que é Londres; esse Paul Chabas, mimoso poeta das manhãs, das águas mansas e dos corpos femininos em botão.
Como se não fosse moderna, moderníssima, toda a legião atual de incomparáveis artistas do pincel, da pena, da água-forte, da “ponta-seca”, que fazem da nossa época uma das mais fecundas em obras primas de quantas deixaram marcos de luz na história da humanidade.
Na exposição Malfatti figura, ainda, como justificativa da sua escola, o trabalho de um “mestre” americano, o cubista Bolynson. É um carvão representando (sabe-se disso porque o diz a nota explicativa) uma figura em movimento. Ali está entre os trabalhos da sra. Malfatti em atitude de quem prega: eu sou o ideal, sou a obra prima; julgue o público do resto, tomando-me a mim como ponto de referência.
Tenhamos a coragem de não ser pedantes; aqueles gatafunhos não são uma figura em movimento; foram isto sim, um pedaço de carvão em movimento. O sr. Bolynson tomou-o entre os dedos das mãos, ou dos pés, fechou os olhos e fê-lo passear pela tela às tontas, da direita para a esquerda, de alto a baixo. E se não fez assim, se perdeu uma hora da sua vida puxando riscos de um lado para outro, revelou-se tolo e perdeu o tempo, visto como o resultado seria absolutamente igual.
Já em Paris se fez uma curiosa experiência: ataram uma brocha à cauda de um burro e puseram-no de traseiro voltado para uma tela. Com os movimentos da cauda do animal a brocha ia borrando um quadro...
A coisa fantasmagórica disso resultante foi exposta como um supremo arrojo da escola futurista, e proclamada pelos mistificadores como verdadeira obra prima que só um ou outro raríssimo espírito de eleição poderia compreender.
Resultado: o público afluiu, embasbacou, os iniciados rejubilaram – e já havia pretendentes à compra da maravilha quando o truque foi desmascarado.
A pintura da sra. Malfatti não é futurista, de modo que estas palavras não se lhe endereçam em linha reta; mas como agregou à sua exposição uma cubice, queremos crer que tende para isso como para um ideal supremo.
Que nos perdoe a talentosa artista, mas deixamos cá um dilema: ou é um gênio o sr. Bolynson e ficam riscadas desta classificação, como insignes cavalgaduras cortes inteiras de mestres imortais, de Leonardo a Rodin, de Velazquez a Sorolla, de Rembrandt a Whistler, ou... vice versa. Porque é de todo impossível dar o nome de obra d’arte a duas coisas diametralmente opostas como, por exemplo, a “Manhã de Setembro” de Chabas e o carvão cubista do sr. Bolynson.
Não fosse profunda a simpatia que nos inspira o belo talento da sra. Malfatti, e não viríamos aqui com esta série de considerações desagradáveis. Como já deve ter ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética, há de irritá-la como descortês impertinência a voz sincera que vem quebrar a harmonia do coro de lisonjas.
Entretanto, se refletir um bocado verá que a lisonja mata e a sinceridade salva.
O verdadeiro amigo de um pintor não é aquele que o entontece de louvores; sim, o que lhe dá uma opinião sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, o que todos pensam dele por detrás.
Os homens têm o vezo de não tomar a sério as mulheres artistas. Essa é a razão de as cumularem de amabilidades sempre que elas pedem opinião.
Tal cavalheirismo é falso; e sobre falso nocivo. Quantos talentos de primeira água não transviou, não arrastou por maus caminhos, o elogio incondicional e mentiroso? Se víssemos na Sra. Malfatti apenas a “moça prendada que pinta”, como as há por aí às centenas, calar-nos-íamos, ou talvez lhe déssemos meia-dúzia desses adjetivos bombons que a crítica açucarada tem sempre à mão em se tratando de moças.
Julgamo-la, porém, merecedora da alta homenagem que é ser tomada a sério e receber a respeito de sua arte uma opinião sinceríssima – e valiosa pelo fato de ser o reflexo da opinião geral do público não idiota, dos críticos não cretinos, dos amadores normais, dos seus colegas de cabeça não virada – e até dos seus apologistas.
Dos seus apologistas, sim, dona Malfatti, porque eles pensam deste modo... por trás.
OBS.: Meus queridos... assim que possível este texto estará na área exclusiva de vocês no site do colégio. Quem já quiser adiantar e pegá-lo daqui, ótimo!!!
Dá um "ctrl c" e "ctrl v" e coloca num documento de "word" que tá valendo! hehehehehehehehe
Abração a todos!

sexta-feira, maio 15, 2009

Deu vontade de escrever...

Estou em casa, na preguiça... deu vontade de vir aqui e escrever alguma coisa no blog. Sei lá se vocês lerão! Não me importo, realmente não vim aqui pensando se vocês lerão ou não. Claro que é sempre bom ter um retorno daquilo se posta pra saber se o blog serve pra alguma coisa.

Há tempos tentei escrever um blog de verdade, desses que a gente escrever coisas da vida... meio que como um "diário virtual" mesmo. Não consegui. Depois tentei criar um pra escrever coisas variadas que passavam pela minha cabeça - também não funcionou (acho que escrevi só um post decente).

Gosto muito desse blog, tenho realmente um carinho muito especial por ele (e também por aqueles que entram não só pra se dar bem nas provas). Ele já está comigo há anos... e acredito que seja útil. Bom, espero que seja!

Ano passado pensei seriamente em acabar com o blog - aconteceu uma confusão porque achei que estava na hora de dar liberdade aos meus leitores pra comentar... mas alguns passaram dos limites (encheram o blog de comentários idiotas e até falando mal dos alunos que vinham pra tirar dúvidas). Aquela vez fiquei realmente preocupada. Fiquei com medo que isso tudo pudesse prejudicar alguém, me prejudicar... Fiquei muito triste porque uma garota muito linda e especial ficou triste... Vê-la chorar me fez ficar absolutamente irada e me fez lembrar dela pra sempre (e espero do fundo do meu coração que ela seja muito feliz e tenha muito sucesso na vida!! Votos que - Deus me perdoe - não faço pros que causaram tal tumulto).

Mas não quero falar de coisas ruins.



Aproveito o post pra comentar com meus fofuchos e fofuchas que esse final de semana começa uma exposição IMPERDÍVEL (sim... daquelas que, quando vc chegar no céu São Pedro vai te perguntar se vc foi... e se vc não foi.... Ish, vai ter que dar meia volta!!! hehehehehe)



Arte na França 1860 -1960: O Realismo

Apartir de 16 de maio até 28 de junho de 2009



Não se esqueçam de aproveitar (quem puder, claro) a terça-feira - já que neste dia a entrada é gratuita. Nos demais o ingresso custa R$15,00 (e estudante paga R$7,00).



Gente... vamos aproveitar o "Ano da França no Brasil".

O site oficial é:

http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/



Aqui em casa vou tentar convenser meu marido a comer "Ratatouille"! hehehehehe! Peguei uma receita que parece fantástica na internet!!! Mas vai ser difícil convencê-lo!!! Prometo que se conseguir vou tirar até fotos do acontecimento!!! Mas sim... Vamos entrar no clima do ano da França no Brasil!!

(Essa foto quem tirou foi o Fabio, meu marido - se não colocar os créditos aqui ele me mata! rs)


Semana que vem eu volto aqui pra colocar umas coisas pro pessoal do primeiro ano.



Grande abraço!!!

(agora deixa eu jogar rock band!!!!!)