segunda-feira, maio 16, 2011

ESCHER no CCBB


Diferente de algumas críticas que li, não achei a exposição "O Mundo Mágico de Escher" no Centro Cultural do Banco do Brasil decepcionante.
Quando cheguei dei de cara com uma fila enorme. Isso me deixa um pouco chateada: odeio filas! Mas ao mesmo tempo me fez ficar feliz! Como arte educadora, acho o maior barato saber que as pessoas fazem fila pra ver ARTE! E tinha gente de todo tipo... famílias com crianças, casais de idosos, descolados, intelectuais, intelectualóides, adolescentes... enfim, várias pessoas. No começo me irritei com uma possível falta de organização dos funcionários, já que havia uma fila e pessoas entravam sem ficar na fila! Uma mulher que estava atrás de mim foi tirar satisfação com o segurança e ele a disse que algumas pessoas tinham monitoria agendada e por isso não precisavam ficar na fila! E até disse que se ela não quisesse ficar na fila era só ligar lá em horário comercial e agendar a sua visita. Esse serviço existe e é de graça... ou seja, você que está lendo isso aqui pode formar um pequeno grupo e tentar fazer isso!
Outro motivo de pessoas entrarem sem ficar na fila é que a tal fila era para ver a exposição como se devia: começando pelo terceiro piso. Quem ficasse contente em ver só o subsolo poderia entrar sem fila... Bom, sem fila "mais ou menos", já que também tinha uma fila para ir ao subsolo. Parei de reclamar da fila e resolvi curtir!

Conheci Escher na época da faculdade. Lembro de passar horas olhando para suas obras reproduzidas em livros imensos (e caros, que nunca pude comprar) na biblioteca. Ele sempre me fascinou com suas formas impossíveis e improváveis, com seus desenhos tão realistas, mas tão oníricos ao mesmo tempo.

Estar ao vivo, ao lado de obras de Escher foi uma experiência muito boa para mim. Apesar de já ter viajado um pouco e conhecido vários museus por ai, nunca tinha visto tantas obras desse holandês... nunca tinha visto ao vivo imagens que sempre considerei sensacionais, como essas:





Claro que o fato de eu ser "louca" por esse artista ajudou eu gostar da exposição.

Gostei de ver obras que tanto gosto ao vivo, gostei de ver tantas crianças, jovens, adultos e idosos maravilhados... curtindo, rindo... fazendo comentários empolgados! Isso, pra mim que sou arte-educadora, supera os pequenos problemas de curadoria.

A proximidade entre as obras que foi criticada por alguns é algo que, infelizmente, vemos por toda parte! mesmo museus grandes e respeitados como o Louvre (Paris) ou o Metropolitan (Nova York) fazem esse tipo de coisa. Fui em uma exposição super bacana do Kandinsky no Guggenheim NY e também critiquei o pouco espaço entre as obras, mas depois de ouvir o comentário de algumas pessoas percebi que isso é uma opção muito comum de curadores atualmente, pois faz com que mergulhemos no universo do artista. Enquanto nossos olhos estão fixados em uma imagem, vemos (sem nos dar conta) outras obras... e isso colabora para a imersão no universo do artista. Há quem diga que nosso cérebro até guarda mais aquilo que vemos sem nos dar conta do que aquilo que prestamos bastante atenção. Olhar pra uma imagem e ficar concentrado nela é sensacional... pra ler, pra curtir... Mas não há problema em ela estar próxima de outra. Nossos olhos são seletivos! É até bacana pra "brincar" de figura-fundo - como tantos artistas ao longo da História da Arte fizeram.

A exposição trazia vários textos curtos e superficiais sobre o artista e suas obras. Penso que a opção partiu da ideia de que a maioria das pessoas não lê os textos nas exposições. Não lêem por que são longos, por que são complexos demais ou por falta de interesse mesmo. Pra mim que sou historiadora da arte e, portanto, tenho um conhecimento técnico sobre arte maior que o dos leigos, achei simples demais... mas, não acho que os textos das exposições devam ser complexos... afinal, já disse... textos complexos afastam o público. Parto do princípio de que quem quiser conhecer mais o artista irá procurar em livros, na Internet...  Não estou dizendo que as pessoas leigas em arte não merecem conhecer mais um artista... Se pensasse assim não seria professora! Mas acho que uma exposição não é o lugar para se sair especialista. Uma exposição é o lugar pra se conhecer... pra ser "tocado". Como ADORO imagens, acredito que é mais importante VER do que LER sobre o artista. Muitas vezes os textos fazem com que a visão seja racional demais... limitam, bloqueiam a contemplação espontânea. Por isso gostei dos textos da exposição no CCBB. Nunca vi em uma exposição tanta gente parar pra ler os textos... além disso, eram acessíveis. Crianças liam e entendiam! E repito: aqueles que gostaram das obras certamente irão atrás de mais informações! É assim que deve ser!

A exposição também conta com alguns vídeos, esse é um deles. Achei sensacional! Essa gravação não está tão boa, mas dá pra ter uma ideia do que é! 


Outro vídeo bastante concorrido era um filme em 3D de 8 minutos pelas construções de Escher. Era preciso pegar ingresso na bilheteria (gratuito). Não eram um "Avatar" da vida, mas foi divertido! É bem legal ver que mesmo o que parece não é! rs! Eu tenho problemas com 3D! Demoro pra acostumar e, como uso óculos, sempre tenho problemas em ver a imagem direito! Como alguns brincam, eu sou "chique" e só consigo curtir 100% cinema 3D se for IMAX! (porque os óculos são imensos e consigo colocá-los sobre os meus sem incômodo)... por isso, normalmente, fujo dos filmes 3D em salas normais. Ainda assim fui, nem fiquei enjoada! hehehehehe! Foi bacana, simples... como já mencionei, mas bacana.


Esse vídeo mostra mais ou menos o que vemos no filminho 3D. A qualidade desse vídeo está ruim e há um narrador falando em inglês.

Nessa exposição há um pouco de interatividade. Notem que disse "um pouco"! Bom, não culpo o CCBB já que o artista nunca fez nenhuma obra que o público interagisse fisicamente (tocando, entrando na obra fisicamente). A interação de Escher com o público era mental.
Algumas instalações foram criadas a partir de obras famosas. Divertido! Poucas coisas e bem simples, mas divertido!
Há uma salinha chamada "casa de Escher" no subsolo que reproduz a sala em que ele fez algumas obras (como aquela que eu coloquei acima, que ele segura a esfera de vidro espelhada). Você pode se sentar na cadeira e segurar a bola! E verá você no lugar dele! Bom, isso se você tiver sorte de a sala estar vazia ou então as pessoas que estiverem lá dentro com você forem camaradas e não ficarem tão no meio do caminho. Tive essa sorte! As pessoas foram legais!

Há também um documentário sobre o artista. Muito poucas pessoas ficavam para vê-lo (já que tem mais de 50 minutos). Eu entendo que ficar uma hora vendo um documentário não é (definitivamente) atrativo. Mas ai entra aquele papo sobre os textos simples. A pessoa que tiver interesse vai querer saber mais e ai, o documentário pode ajudar! Eu, se fosse curadora, teria feito a mesma coisa. Informações simples pro público geral e mais completas para os que tem interesse.

O que vale é que a exposição tem várias obras sensacionais! vale demais a pena ver e curtir! Saiba apenas que está bem lotada! Segundo uma segurança muito gente boa que conversou comigo, todos os dias estão bem cheios... mas é claro que aos finais de semana fica um pouco pior. O melhor dia, pra quem tem tempo, parece que é a terça-feira.

A exposição vai até dia 17 de Julho. Terça a domingo. GRÁTIS!

PS.: o catálogo da exposição custa R$ 80,00 e ainda não comprei o meu por problemas técnicos ($$$)! rs
(portanto não posso dizer se é bom e se vale a pena o investimento).

Vejam... aproveitem, comentem!