A VERA CRUZ
A Cia. Cinematográfica Vera Cruz foi o mais importante estúdio cinematográfico brasileiro da década de 50. Foi fundada pelo produtor italiano Franco Zampari e pelo empresário Ciccillo Matarazzo em São Bernardo do Campo – SP, em 1949.
Durante os quatro anos em que ela sobreviveu, realizou cerca de 20 filmes de longa-metragem.
A primeira produção da Vera Cruz, CAIÇARA, de 1950, narra o drama de uma jovem que se casa com um homem autoritário em uma aldeia de pescadores. Prêmio de melhor filme brasileiro no Festival de Punta del Este, em 1951. Dirigido por Adolfo Celi. Com Eliane Lage e Mário Sérgio.
ANGELA (1950) conta a história de Gervásio, jogador inveterado e de pouca sorte, perde sua última propriedade, a mansão onde vive com a mãe, a enteada e a esposa doente. O vencedor do jogo, Dinarte, um homem de decisões súbitas e de grande sorte no jogo, insiste em ver a propriedade naquela mesma noite. Durante a visita Ângela, a enteada, comunica o falecimento da esposa. Dinarte acaba se envolvendo com Ângela, com quem se casa, depois de deixar sua amante Vanju, uma cantora popular. Os dois vivem momentos de felicidade numa viagem pitoresca às Missões e ao Rio de Janeiro. Com o nascimento da filha, Dinarte promete não jogar mais, contudo, entre bilhares, cavalos e brigas de galos termina perdendo tudo, assim como Gervásio, que continua decaindo cada vez mais. Enquanto isso a família se dissolve, restando a Ângela somente o seu bebê e algumas recordações.
Com Eliane Lage e Alberto Ruschel. Dir. de Abílio Pereira de Almeida e Tom Payne.
TERRA É SEMPRE TERRA, de 1951
Numa plantação de café abandonada, o capataz Tonico dirige tudo com mão de ferro. Casado com uma mulher muito mais jovem, admira-a apenas como um objeto.Seu único interesse é conseguir dinheiro, roubando nas colheitas . Na cidade, a dona da plantação decide mandar seu filho, jogador e mulherengo, cuidar da fazenda. Jogando, perde muito dinheiro, inclusive o dinheiro guardado para o pagamento de seus peões. Tonico se oferece para comprar-lhe a plantação e, assim, pagar-lhe as dívidas de jogo. Dir. De Tom Payne.
APASSIONATA, de 1952, conta a história de uma grande pianista que faz todos os sacrifícios pela sua arte, até que se vê acusada, pela governanta, da morte de seu marido. Uma vez comprovada sua inocência, retira-se para um lugar junto ao mar, onde conhece Pedro, o diretor de um reformatório de jovens delinqüentes, que por ela se apaixona, reconhecendo sua verdadeira identidade. Pedro tenta dissuadi-la de fazer uma turnê, mas ela prefere a carreira ao amor e volta a dar concertos. Com Tônia Carrero e Anselmo Duarte. Dir. de Fernando de Barros.
O drama psicológico-policial VENENO, de 1952, conta a história um homem que ama apaixonadamente sua esposa e desconfia que esse amor não é correspondido. Passa a confundir vida e sonho até que acaba envenenando sua esposa. Dirigido por Giannei Pons.
Produção da Vera Cruz envereda pelo gênero “popularesco” da comédia, SAI DA FRENTE, de 1952, mostra um dia atrapalhado na vida do dono de um caminhão bem velho. Ao fazer uma mudança de São Paulo para Santos, ele se envolve em inúmeras confusões com burocratas, policiais e motoristas de carro. Inesquecível interpretação de Mazzaropi. Dirigido por Abílio Pereira de Almeida.
TICO-TICO NO FUBÁ, de 1952, é de uma biografia do compositor popular Zequinha de Abreu. Ele compõe Tico-tico no Fubá para sua amada, mas o destino não os deixa ficar juntos. Depois de muito tempo a encontra, por acaso e, enquanto tocava a música que havia composto para, ela emociona-se e morre. Com Tônia Carrero e Alselmo Duarte. Direção de Adolfo Celi.
NADANDO EM DINHEIRO, 1952:
Isidoro descobre que é herdeiro único de uma grande fortuna. Muda-se para a mansão herdada e começa a viver como milionário. Num jantar de gala descobre que as pessoas presentes à festa caçoavam de seus modos de novo rico. Isidoro começa a ter uma vida dupla, que acaba provocando uma série de confusões. Quando sua esposa decide deixá-lo, ele lhe conta de sua nova situação financeira pedindo-lhe, em vão, que volte. Triste, ele volta à sua mansão, onde é atacado por robôs que comprara de um investidor. Contudo, quando os robôs atacam, Isidoro acorda em sua pequena casa ao lado de sua mulher e filha. Nadando em dinheiro, mas ....em sonho. Uma comédia com Mazzaropi. Dir. de Abílio Pereira de Almeida e Carlos Thiré.
SINHA MOÇA, 1952:
Na pequena cidade de Araruna, no fim do século passado, as contínuas fugas de escravos traziam os grandes senhores alarmados, em especial o coronel Ferreira. É nessa ocasião que sua filha Sinhá Moça regressa de São Paulo dominada pelos ideais abolicionistas. Em sua viagem de volta conhece Rodolfo Fontes, filho de um renomado médico de Araruna, abolicionista entusiasta. No primeiro instante os dois jovens sentem-se mutuamente atraídos, porém, logo ela descobre as tendências escravocratas de Rodolfo e trava-se em seu espírito a luta entre seu amor pelo jovem e suas convicções humanitárias. O responsável pela fuga de escravos é levado ao tribunal e, para surpresa de todos, o jovem Rodolfo, confesso escravocrata, serve-lhe de advogado de defesa. Com Eliane Lage e Anselmo Duarte. Direção de Tom Payne.
Em FAMÍLIA LERO LERO, de 1953, a Vera Cruz continua investindo na comédia popularesca. Trata-se da história de um funcionário público atormentado pelos inesgotáveis desejos de sua família, na qual ninguém trabalhava. Com Walter D’Ávila e Renato Consorte. Dirigido por Alberto Pieralisi.
Com o filme CANGACEIRO, de 1953, veio a primeira grande consagração mundial da companhia , com a premiação do diretor Lima Barreto no Festival de Cannes. Aborda o conflito entre dois cangaceiros para recuperar uma professora raptada. Essa mistura de faroeste nordestino com drama romântico, épico e histórico, tornou-se um clássico do cinema brasileiro, criando um gênero, o filme de cangaço.
UMA PULGA NA BALANÇA, 1953
Um ladrão se deixa prender voluntariamente. Uma vez instalado na prisão ele procura nos jornais, diariamente, os nomes mais ilustres falecidos e envia, às suas famílias, uma carta extremamente comprometedora onde fica explícito que o falecido era seu parceiro num grande golpe. Essa maneira engenhosa de chantagem deixa consternada a família do morto que se apressa em pagar-lhe para manter o seu silêncio. A estória se desenrola em um ambiente no qual a hipocrisia dos herdeiros contrasta com a vida alegre e feliz de Dorival em sua cela, onde recebe suntuosamente suas vítimas. Com Waldemar Wey e Paulo Autran.
A comédia dos erros ESQUINA DA ILUSÃO, de 1953, conta as confusões criadas por Dante Rossi, dono de uma pizzaria no Braz, homônimo de um poderoso industrial de São Paulo. Essa coincidência, arranjada pela boa sorte, permitiu-lhe mentir durante muitos anos, escrevendo cartas para seu irmão na Itália nas quais dizia que "tinha feito a América". Seu irmão, encantado com tantas maravilhas, resolve visitar o falso milionário. Mas Dante consegue dinheiro emprestado com outros emigrantes sem fortuna, mas solidários com a idéia de aparentar grande vida. O milionário verdadeiro, também envolvido na trama, começa a desconfiar de que está acontecendo qualquer coisa fora do comum até que se desencadeia a grande confusão final. Com Alberto Ruschel e Ilka Soares. Dir. de Ruggero Jacobbi .
LUZ APAGADA, 1953:
Olavo, desde o falecimento de sua mulher nunca mais foi à cidade. Só a filha Glória é vista na cidadezinha, conversando sempre com Tião, amigo de infância. Embora corressem as mais estranhas histórias sobre a ilha, Tião sente-se atraído pela figura selvagem de Glória. Um dia, o comandante da administração portuária comunica que está enviando um ajudante. Glória pede a Tião que se case imediatamente com ela para que seja nomeado ajudante de seu pai. Antes que Tião se decida, Daniel chega à ilha e disputa com Tião o amor de Glória. Ocorre uma tragédia cujos detalhes são escondidos pela noite escura, com a luz do farol apagada.
É PROIBIDO BEIJAR, de 1954, é uma comédia sofisticada, considerada bastante americanizada. Um reles cronista social de São Paulo vê-se envolvido com a filha de um rico milionário, que se disfarça de atriz hollywoodiana. Dirigido por Ugo Lombardi. Com Tônia Carrero e Mário Sérgio.
No drama policial NA SENDA DO CRIME, de 1954, quatro jovens assaltam uma casa grã-fina, levando o dinheiro e um colar. O chefe do bando, ao mesmo tempo que esconde o que foi roubado, começa a disputar com um milionário o amor de uma vedete. Com Cleyde Yáconis e Miro Cerni. Dirigido por Flaminio Bollini Cerri.
CANDINHO, 1954:
Como o Moisés bíblico, Candinho foi encontrado nas águas, só que nas águas sujas de um riacho. Ao seu lado estava um jumentinho, chamado Policarpo. Candinho e o jumento crescem juntos, mas, um dia Candinho, um pouco mais inteligente que Policarpo, convenceu-se de que a vida era muito dura: por qualquer coisa errada, era espancado pelo seu benfeitor, o proprietário da fazenda, e decide fugir para São Paulo. A grande Babel assusta os dois caipiras. Candinho conhece Filoca, uma taxi-girl por quem se apaixona. Qualquer semelhança, mesmo que vaga, com o Cândido de Voltaire é claramente intencional. Mais uma comédia com Mazzaropi.
FLORADAS NA SERRA, 1954 (última produção da Vera Cruz)
Lucília descobre que está com tuberculose. Mas não consegue suportar o tratamento na clínica em Campos do Jordão. Enquanto esperava para voltar a São Paulo, conhece Bruno, que a faz perder o trem e começam um romance. Porém a paixão de Lucília consome rapidamente sua saúde, enquanto Bruno vai se recuperando e começa a se interessar por Olívia, outra paciente da clínica. Com Cacilda Becker e Jardel Filho.
2 comentários:
precisa saber os nomes dos filmes, sora?
Não... os da Vera Cruz, não.
É bom lembrar de alguns filmes do cinema novo, principalmente os do Glauber Rocha.
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